Que graça o nascimento da simplicidade em nossas vidas !!!
Despertamos da insólita pretensão egóica do efêmero domínio
metafísico não para parecermos transcendentes, mas vivenciando a
imanência, ver, julgar e agir, em espírito e verdade e na matéria,
a beleza do sentido e da equanimidade da natureza dos seres, das
coisas, dos sujeitos e dos objetos que passam.
Sejamos pois
agradecidos pela abertura mental e intelectual, emocional e
sentimental, física e sensual, pois é dela que vem a alegria do
contentamento e o pecíolo que dá suporte ao eflúvio da esperança,
permanentemente renovada.
A que serviria a estupenda potencialidade da
natureza humana se não a contemplação do simples e do belo, a
solidariedade, a partilha, comunicação e o prazer.
Quanto mais simples a estética da vida, mais
complexa a percepção do valor; quanto mais hermético o
conhecimento, mais restrito seu potencial desiderativo assimilativo.
Disto resulta o mistério da liberalidade do auto-arbítrio: não fora a natureza informe que nos trouxe à vida a Gaia; se fosse o imanente terrígeno ou a talassofera o senhor da hominalidade, a percepção seria tétrica, engano, mentira e apropriação dolosa.
Certo nos parece que
viemos, nos movimentamos e somos a terra por graça de nossos pais e,
nisto não há horror, ardil, aleivosia e assimilação fraudulenta,
mas constatação linear.
Mas então, se existimos para além do que passa, posto que somos sementes da vida que vem pela gratuidade do potencial que nos caracteriza e, existimos no movimento energético mais que linear, quem em nós constata a simplicidade embatucada ? A vaidade ?
A vaidade da falsa modéstia em dizer-se simples,
rebuscado ? De certo que sim, quando o sentido de “ser é ser
notado” a Shakespeare.
Se Gaia é um palco móvel onde seus elementos existem na consumação imanente, a dramaturgia de dóxa, de lógos (segundo Platão, “deus” como fonte de idéias; ou um dos aspectos da divindade, consoante os neoplatônicos ou, O Verbo de Deus, segunda Pessoa da Trindade, na Teologia Cristã. A própria razão universal, a lei de tudo o que existe ou a Sabedoria; razão e princípio normativo e, a fonte da doutrina ético-filosófica que visa a transformação de si mesmo por processo de evolução consciente) e de episteme é mercadoria ofertada na vida dos simulacros.
Deixemos pois a vestimenta das botas ruidosas, nos despindo de toda vaidade para encontrar na simplicidade da manjedoura o menino Jesus, sua mãe singela e seu pai confiante, reverenciados pelos Reis do Oriente na noite de natal.
Graça e paz !